segunda-feira, 22 de junho de 2009
Notícia de Jornal - Luís Reis e Haroldo Barbosa
Tentou contra a existência do humilde barracão
Joana de tal, por causa de um tal João
Depois de medicada, retirou-se pro seu lar
Aí a notícia carece de exatidão
O lar não mais existe, ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste que errou
Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de João
Ninguém notou
Ninguém morou
Na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal
domingo, 17 de maio de 2009
é isso.
Dobrada à morda do Porto - Álvaro de Campos
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
foi onde para
além do arco-íris?novos planetas?sete pés abaixo?terra do nunca?mundo dos passarinhos?corpo de mosquito?divina comédia?fantasia?foi peregrinar para o infinito devido ao finito?foi-se.
domingo, 7 de setembro de 2008
domingo, 24 de agosto de 2008
domingo, 10 de agosto de 2008
sei lá eu, hein?
A gente fica meio desincontrado com o que a gente é... não dá nem tempo de aprender as coisa.
quarta-feira, 30 de julho de 2008
O prazer escorrega pelas mãos
Ninguém está pronto, nada está pronto. Tudo é um perpétuo fazer-se. * E até o vento, que vive arrepiando toda essa gente, está arrepiado com toda essa coisa. * E a velhinha, percebendo a tristeza da neta, perguntou se ela não via mais passarinho verde. Num sorriso singelo, que não convence ninguém, respondeu que via, mas que ele gostava de outras gaiolas.
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